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MARIA E JOÃO

  • Foto do escritor: saudeemclima
    saudeemclima
  • 13 de nov.
  • 2 min de leitura

Em Jardim São Paulo, ao lado da Praça do Cristo, moram, com a avó, dois irmãos, João e Maria. João tem pele clara, é ruivo e, aos 8 anos, ama jogar capoeira. Maria tem cabelos cacheados, é parda e pratica Taekwondo, aos 10 anos já colecionava medalhas. Numa manhã chuvosa, justamente no dia do aniversário de Maria, os irmãos acordaram com a água invadindo a casa, uma realidade que os moradores da região enfrentam muitas vezes ao ano.


De forma geral, crianças apresentam taxas mais elevadas de impactos graves sobre a saúde mental em comparação aos adultos. Estudos apontam que entre 15% e 30% das crianças expostas a desastres desenvolvem Transtorno de Estresse Pós-Traumático, e aproximadamente metade permanece sintomática após 18 meses.

Rapidamente, tomaram as primeiras providências: levantaram os móveis sobre tijolos e correram para o ponto mais alto da casa, mas perceberam que a situação era mais grave do que imaginavam: a chuva não cessava. Decidiram acordar a avó para que ela pudesse ligar para o resgate, que, apesar das horas de espera, nunca chegou. Diante disso, os vizinhos se uniram para ajudar: com pequenos caiaques, conseguiram tirar da água amigos e familiares. 

Todos sentiam medo e preocupação por perder suas coisas, mas Maria sentia como se também tivesse perdido aquele aniversário; e pressentia que todos os próximos aniversários carregariam a marca daquele dia. João percebeu a tristeza da irmã e tentou de todas as formas fazê-la se sentir melhor. 

No abrigo improvisado, compartilharam um bolo feito por um vizinho, rodeados pela comunidade. Agora que estavam seguros, aproveitaram para brincar com os amigos, tentando esquecer, por um momento, o susto que haviam passado.


O estresse pós-desastre está associado a múltiplas perdas, que desorganizam o cotidiano e geram lutos complexos. Em crianças, a interrupção de rituais significativos, como aniversários e celebrações, intensifica o sofrimento emocional e dificulta a reconstrução do senso de segurança após o evento.
Mais de 50% dos resgates em situações de emergência são realizados por pessoas sem treinamento técnico, geralmente moradores que, movidos pelo instinto ou por conhecimento básico, arriscam a própria vida para socorrer familiares, vizinhos e outros membros da comunidade. 

  

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Enquanto o fluxo do canal se redireciona para uma área alagável controlada, durante chuvas extremas, a população recebe alertas da Defesa Civil através de seus celulares e também por outros avisos midiáticos. O que possibilita a preparação da comunidade, que, após participarem de cursos para desastres propostos pela defesa civil, seguem orientadas a agir de forma segura em caso de desafio climático. Com prevenção e planejamento, Maria e João puderam seguir suas comemorações de aniversário. 



Narração por:

Alice, 8 anos, São João del-rei -MG;

Miguel, 10 anos, João Monlevade - MG;

João Vitor, 7 anos, Recife - PE;

Filipe, 12 anos, Recife - PE;



 
 
 

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